Qual das palavras que inundam o mundo entrará em meu peito e me fará sentir o que ainda não sinto?
O mundo descreve a cada dia o seu poema, e eu como ouvinte escuto o que me agrada
O que não me agrada não pode ser poesia, é ruído
E esse ruído ecoa em meu ser
Pois é fácil escutar o que agrada, é gostoso para a alma, mas não me completa, não me faz um com a poesia do mundo, fico oco, meio cheio, uma casca sem conteúdo, e por isso choro
Esse choro é agridoce, e escorre pelos meus lábios e me faz sentir o gosto de tudo o que não tenho, mas que poderia ter
E como ter o que não tenho? Não faço ideia, do contrário eu já teria
Sento na soleira da varanda, com meu cigarro e meu vinho e divago sobre o que não vivi
Sobre tudo que poderia ter feito e não fiz, circunstâncias, momentos, desejos, sentimentos...está tudo envolto na fumaça do cigarro e no calor da bebida
Em versos jamais escritos, em palavras nunca ditas, em cada despedida...